No domingo passado, durante uma partida de tênis em que Novak Djokovic enfrentou Carlos Alcaraz, o narrador insistia na grande diferença de idade entre os dois. Djokovic é dezesseis anos mais velho que seu rival. É óbvio que tive que ouvir preciosidades desse narrador, como “mostra pro titio como é que se faz”, quando Alcaraz fazia seus malabarismos na rede, com “deixadinhas” que o “velho senhor” Djokovic não alcançaria. Pois bem, o final todos já sabem; quem venceu a partida não foi a juventude, que Alcaraz esfregava na cara de Djokovic, mas a experiência de quem faz isso já há algum tempo. Só que a questão aqui é bem outra, em todo momento não deixei de pensar em como está refletido nesse esporte, as classes de elite (os jogadores) e a classe trabalhadora (os adolescentes que ficam de prontidão para pagar as bolas, em posição de tiro; os meninos que devolvem as bolas ao fundo da quadra; os homens que seguram os guarda-sóis). Vivemos numa sociedade injusta, ficou claro para quem prestou atenção. Só quem viu e não olhou, não se incomodou. O tênis surgiu oficialmente na corte inglesa, pelos idos do séc. XIX (há quem diga que seu surgimento foi na França, entre o final do séc. XII e início do sec. XIII, com outro nome “Jeu de Paume”, e ainda sem as raquetes). Como era um esporte de corte, fica óbvio as representações de classe, de um lado a aristocracia e de outro os “vassalos”. Confesso que a imagem subserviente das crianças dando piques para pagar as bolas, me incomodou. A escolha da foto de capa do texto, não é à toa. Se o universo é uma partida de tênis, temos muito o que melhorar.
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