
“Não há nada de tão absurdo que o hábito não torne aceitável”, já disse Cícero, orador e político romano, antes de Cristo. Mal sabia ele que o que ele disse seria ainda tão atual. “Jamais teremos um governo genocida” falamos depois do Holocausto, e queimamos nossa língua. “Jamais creremos que a terra é plana” falamos após Aristóteles e seu livro De Caelo, mas nos esquecemos disso e aí estão os terraplanistas que não me deixam mentir. Eu me pergunto até onde iremos, até quando perpetuaremos uma atitude negacionista sendo que não aprendemos nada com a História? (aqui em letra maiúscula por se tratar de História do mundo e não invencionice – ah! Que saudades da diferenciação estória e história. É inventada? Estória. Aconteceu realmente? História. Há quem defenda que a História é manipulada, mas isso daria assunto para um post inteiro).
Voltemos à citação que abre esse post. Tempos atrás viajei para a praia. E fiquei chocada com a quantidade de lixo boiando n’água e infestando a areia. E olha que fui num local que já havia estado antes, daí a comparação, daí o choque. Fiquei me perguntado em que momento falhamos como sociedade. Porque pelo que eu saiba é através da educação (quando falo educação não quero dizer escola, mas família. De que adianta a criança ouvir na escola que temos que preservar os rios e oceanos, se seus pais jogam lixo na rua?) e conscientização que podemos mudar o mundo. Mas será que queremos mudar o mundo? Fui mais além. Será que um dia nadaremos em meio ao lixo e acharemos normal? Quero acreditar que não, devo acreditar que não. Apenas me reservo o direito de me sentir triste e impotente. Recolhi alguns desses lixos, fiz minha parte, pequena, mas fiz. Me recuso a aceitar que o hábito torna tudo aceitável.
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