Eu não sei você, mas eu tenho mania de fazer tudo-ao-mesmo-tempo-agora. E isso pode parecer uma coisa positiva só que não é bem assim. Quando você se dedica à uma atividade apenas, você tem a chance de ser um especialista no assunto. O caso é que eu não sou assim, não sou especialista em nada, sou mais ou menos. Quero nadar, costurar, fotografar, ensinar, dançar, pintar, escrever, mas não me especializo em nenhuma dessas áreas. E é muito frustrante. Minha mente não consegue focar num assunto apenas. Sou mais ou menos em todas as áreas do conhecimento (só não digo do conhecimento humano porque seria muita arrogância da minha parte). Isso me faz lembrar da história do pato. Os animais conversavam sobre no que cada um é bom. O peixe diz: eu sou muito bom no nado! Quando um predador se aproxima eu fujo nadando. A lebre: eu sou muito rápida! Quando vem alguém para me atacar, eu fujo correndo. O pássaro: minha especialidade é o voo! Se alguém se aproxima de mim, eu escapo voando. O pato, todo arrogante, diz: vocês não sabem de nada! Eu faço todas essas coisas! Nesse momento uma onça se aproxima e os animais em desespero: o peixe foge nadando, a lebre sai correndo e o pássaro sai voando. O pato fica paralisado, se perguntando: eu voo, eu corro ou eu nado? E não consegue escapar de ser devorado. Meu medo até hoje era ser devorada pelo tempo, pois sei que o tempo, urgente, como quem vai bater o ponto, passa desapercebido por nós. Por isso resolvi escrever esse blog, para falar daquilo em que sou especialista: Literatura. Mas vi no filme School of scoundrels uma fala que me deixou sem fala (paradoxal, eu sei): "quem sabe faz, quem não sabe, ensina". Então percebi que nem nisso sou especialista. Nem em fotografar, nem em dançar, ou nadar, só em NADA. Acho que esse ambiente confuso, caótico em que vivo me permite dizer que sou especialista em nada. Por isso, esse blog não tem uma área específica. Vou falar de tudo um pouco, o que não me coloca numa posição de especialista, apenas comentarista da vida. Para quem não sabe, eu tive um AVC aos 12 dias de puerpério, descobri então que tinha lúpus, como nem na doença que descobri sou especialista, dou algumas dicas de como conviver com ela. Pode parecer o fim do mundo. Só parecer. Afinal, quem sou eu para definir? Sou um canivete suíço. Sirvo para todas as coisas mas nunca para algo em específico.
Oi, Soraya! Gostei muito de sua observação de como um jogo de tênis representa um microcosmo das muitas contradições e injustiças da vida social. Por sua vez, os comentários do apresentador sobre a diferença de idade apontam explicitamente o etarismo ainda profundamente arraigado nas sociedades contemporâneas. Belo texto!
Muito bom 👏🏻👏🏻 diria que somos polivalentes!
Ah que delícia de texto! Amei e me identifiquei… rsr … aqui em casa eles dizem que eu “ sou especialista em tudo “ rsrs um canivete tbm … tempo bom que com certeza trás muitas histórias e memórias!
Que legal! Agora teremos crônicas semanais?
Fez muito sentido a analogia do canivete suiço!!! 😮